quarta-feira, 7 de março de 2012

A lógica dos cinco

Para Marcelo e Angélica

O Antônio fez 5 anos na última segunda-feira.
Portanto, resolvemos comemorar seu aniversário no sábado, dois dias antes da data, junto com os nossos amigos mineiros, que são — para todos os efeitos — a nossa grande família aqui em Brasília.
Sem prejuízo, no entanto, da realização de uma segunda festinha no dia exato de seu nascimento: 5 de março.
No domingo à noite, um dia depois da primeira festa, minha mãe ligou para parabenizá-lo mais uma vez. No meio da conversa (sempre longa e divertida) ela deve ter comentado com o Antônio que “ele já havia preenchido uma mão inteira com os seus anos de vida”. Foi a deixa para que ele emendasse numa rigorosa demonstração lógica: “Sim vovó; e amanhã eu vou juntar mais um [dedo], porque vai ter outra festa na minha escola. Aí vou ficar com... [ele parou um pouquinho para contar os dedos] 6!”
Minha mãe não entendeu o raciocínio e, quando ele percebeu isso, me passou logo o telefone para que eu tentasse explicar.
Nem tentei, apenas ri satisfeito diante daquele gigantesco feito da inteligência do bichinho.
Ei-lo na íntegra:
  1. Em toda festa de aniversário a gente comemora e ganha um “dedo” de vida a mais.
  2. Ontem, sábado, comemorei e ganhei mais um, totalizando cinco anos.
  3. Amanhã terei outra festa de aniversário e, logo, vou ganhar o sexto [dedo].

Evidentemente, o silogismo (e o Antônio) parte de uma premissa falsa segundo a qual basta fazer festa de aniversário para que se faça aniversário. Um detalhe insignificante que o tempo, a cultura e suas próprias experiências hão de corrigir (se a escola não atrapalhar, é claro).
De qualquer forma, o essencial já está lá: guardado dentro de sua preciosa cabeça.

E pensar que Aristóteles começou assim...

Depois não querem que eu seja coruja.