terça-feira, 30 de abril de 2013

parece calopsita, mas é griffo

Quem não se lembra da Luna?

Nós a recolhemos da rua acreditando que ela era uma cadelinha vira-lata e depois descobrimos que se tratava de um macaco prego geneticamente modificado (por consumir o lixo da rodoviária de Catanduva).

Agora, faz uns três meses, arrumamos a Pio. E mais uma vez nos equivocamos.
Acreditamos comprar uma simples calopsita quando, na verdade, adiquiríamos um griffo.

Embora estejamos todos encantados com a esperteza e a doçura da bichinha, decidimos que vamos mandá-la embora assim que ela atingir três metros de comprimento ou quando seu cocô alcançar a média de três kilos ao dia (isso se ela não devorar toda famíla antes).

Alguém aí se habilita à adoção?



domingo, 28 de abril de 2013

Gracias a la vida


Hoje voltamos à Chapada Imperial. Onze anos e dois meninos depois.

Foi tão bom, tão feliz, tão simples que só consigo dar graças a vida (e a Mi) por ter me dado esses dois  olhos -- um azul e outro verde -- claros.

Ainda bem que tenho a oração de Violeta Parra para cantar:

Gracias a la vida que me ha dado tanto
me dio dos luceros que cuando los abro
perfecto distingo lo negro del blanco
y en el alto cielo su fondo estrellado...

 Amém.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

A hora e a vez do angelus

Lá em Minas Gerais me acostumei com a idéia de atribuir a hora mais feliz do dia à presença do meu anjo.
Embora, naquela época, eu já não mais trouxesse qualquer resquício de religiosidade em meu coração -- ao menos no sentido convencional que atribuímos à religião -- gostava de pensar que aquela alegria que, de repente, iluminava minha vida era tão somente obra e graça do meu velho e companheiro anjo que, um dia, minha mãe colocara ao meu lado.
Talvez essa idéia infantil tivesse ressurgido sob a inspiração da música do Milton, das esculturas de Aleijadinho e da poesia de Drummond. Nunca saberei ao certo.

Agora, há pouco, enquanto segurava as mãozinhas de meus dois filhos deitado entre eles para esperá-los dormir, me vi arrebatado por uma felicidade imensa, intensa.
E, então, me dei conta de que meu velho anjo podia finalmente descansar em paz.





(Para o meu amigo Damião que há 9 anos comemorava conosco sua chegada em Brasília, seu aniversario e os quatro meses de vida do João Pedro)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Crianças cruéis

Romãozinho de câmara cascudo
Guimarães rosa
Otto Lara Resende
E a historia da Patricia demonico

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Que moleque é esse?

"Só vou tirar o terno e já me sento aqui com você pra brincar de playmobil", assim respondi à convocação que me dirigiu o Antônio no instante seguinte em que entrei em casa, voltando do trabalho.
Sem o "uniforme", passei pela cozinha para comer, ao menos, um miolo de pão com azeite e tapear a fome (até que pudesse saciar minimamente a sede de pai do meu caçula).

Foi sentar no chão e a Pio, nossa calopsita de estimação (que merece um capítulo à parte) vir ao meu encontro para, então, subir em mim.
E eu, claro, deixei que ela escalasse meu braço até conseguir alcançar o meu ombro direito, que parece ser seu poleiro predileto.
Aí, depois de empoleirar-se, a Pio começou a bicar delicadamente minhas saliências: a ponta da orelha, um fio de barba, uma pinta no pescoço, uma espinha temporã, etc. (como na música do Caetano a Pio gosta de "fuçar nossos defeitos"). Ao se aproximar da minha boca resolvi tirá-la do ombro e devolvê-la ao chão, ralhando com a bichinha para dar lição aos meninos: "aí (encostar na boca) também não!".

O Antônio, que assistia a tudo atentamente, foi logo delatando: "O João deixa a Pio beijar a boca dele".
"É verdade, filho?", perguntei já sabendo a reposta.

"Sim", disse ele sorrindo.

Resolvi dar sermão: "Poxa vida, a passarinha passa o dia bicando o pé de todo mundo, ciscando sujeira pelo chão, limpando as penas de cocô e você ainda tem coragem de colocar esse bico emporcalhado na sua boca. Não acredito. É como lamber o chão".

João me interrompeu, porque ainda continuaria discursando, para dizer que eu á tinha mandado ele lamber o chão. "Como assim, eu mandei? Você está doido?", retruquei meio inconformado.

Na maior tranquilidade, ele me lembrou que eu o mandei lamber o leite do chão depois dele ter derramado um copo inteiro no piso da cozinha.

Na hora fiquei horrorizado ao me dar conta de meu próprio descontrole e só consegui dizer: "Eeeuuuu???"
Talvez tenha corado ou mesmo ficado com cara de bunda. O fato é que o João, olhando para mim, percebeu meu desconcerto. E, imediatamente, do alto de sua sensatez, dos seus longos nove anos de idade, o João Pedro me disse num tom sereno e passando a mão pela minha cabeça (como se afagasse uma criança menor do que ele): "Mas, você estava nervoso", oferecendo a mim desculpas para o meu próprio ato.

Levantei-me e fui direto perguntar à mãe do João Pedro, afinal, que moleque é esse.