Para Marcelo e Angélica
O Antônio fez 5 anos na última segunda-feira.
Portanto, resolvemos comemorar seu aniversário no
sábado, dois dias antes da data, junto com os nossos amigos mineiros, que são —
para todos os efeitos — a nossa grande família aqui em Brasília.
Sem prejuízo, no entanto, da realização de uma
segunda festinha no dia exato de seu nascimento: 5 de março.
No domingo à noite, um dia depois da primeira
festa, minha mãe ligou para parabenizá-lo mais uma vez. No meio da conversa
(sempre longa e divertida) ela deve ter comentado com o Antônio que “ele já
havia preenchido uma mão inteira com os seus anos de vida”. Foi a deixa para que
ele emendasse numa rigorosa demonstração lógica: “Sim vovó; e amanhã eu vou
juntar mais um [dedo], porque vai ter outra festa na minha escola. Aí vou ficar
com... [ele parou um pouquinho para contar os dedos] 6!”
Minha mãe não entendeu o raciocínio e, quando ele
percebeu isso, me passou logo o telefone para que eu tentasse explicar.
Nem tentei,
apenas ri satisfeito diante daquele gigantesco feito da inteligência do bichinho.
Ei-lo na íntegra:
- Em toda festa de aniversário a gente comemora e ganha um “dedo” de vida a mais.
- Ontem, sábado, comemorei e ganhei mais um, totalizando cinco anos.
- Amanhã terei outra festa de aniversário e, logo, vou ganhar o sexto [dedo].
Evidentemente, o silogismo (e o Antônio) parte de
uma premissa falsa segundo a qual basta fazer festa de aniversário para que se
faça aniversário. Um detalhe insignificante que o tempo, a cultura e suas
próprias experiências hão de corrigir (se a escola não atrapalhar, é claro).
De qualquer forma, o essencial já está lá:
guardado dentro de sua preciosa cabeça.
Depois não querem que eu seja coruja.