quarta-feira, 17 de abril de 2013

A hora e a vez do angelus

Lá em Minas Gerais me acostumei com a idéia de atribuir a hora mais feliz do dia à presença do meu anjo.
Embora, naquela época, eu já não mais trouxesse qualquer resquício de religiosidade em meu coração -- ao menos no sentido convencional que atribuímos à religião -- gostava de pensar que aquela alegria que, de repente, iluminava minha vida era tão somente obra e graça do meu velho e companheiro anjo que, um dia, minha mãe colocara ao meu lado.
Talvez essa idéia infantil tivesse ressurgido sob a inspiração da música do Milton, das esculturas de Aleijadinho e da poesia de Drummond. Nunca saberei ao certo.

Agora, há pouco, enquanto segurava as mãozinhas de meus dois filhos deitado entre eles para esperá-los dormir, me vi arrebatado por uma felicidade imensa, intensa.
E, então, me dei conta de que meu velho anjo podia finalmente descansar em paz.





(Para o meu amigo Damião que há 9 anos comemorava conosco sua chegada em Brasília, seu aniversario e os quatro meses de vida do João Pedro)

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