sábado, 6 de agosto de 2011

Uma lágrima de amor

Em outubro do ano passado escrevi sobre o parto do João Pedro. Postei uma foto registrando o exato momento em que nos reconhecíamos como pai e filho, olhos nos olhos.

De lá pra cá, ao longo de seus sete anos de vida, vivemos outros tantos momentos de intensa cumplicidade. Sempre decorrentes de um gesto discreto e comovente do João. Assim, espontâneamente, como por encanto, o meu filho "faz algo", cria um momento mágico que me envolve completamente, me arrebata.

Na maioria das vezes estamos só nós dois. E, por isso, depois da chegada triunfal do Tunico Pinico e da marcação cerrada que ele impôs sobre mim, admito que são menores as chances que tenho com o João.

Mas hoje, finalmente, aconteceu de novo. Estávamos os três na sala brincando de playmobil quando comecei a cantar uma versão adaptada daquela música do Vinicius: "Menininhos do meu coração, fiquem pequeninhos na minha canção, companheiros levados, batendo palminhas, fugindo assustados do bicho-papão...".

De repente, olhei para o João Pedro e ele estava me encarando com ternura.

Surpreso, perguntei: "O que foi filho?"

E ele respondeu: "Não sei papai... Que bonita essa música. Foi você que fez?"

"Não filho, não fui eu quem fiz, mas desde que você nasceu inventei um novo jeito de cantá-la", expliquei.

Aí, "plim", ele fixou os seus olhos (marejados) nos meus e derramou uma lágrima.

Senti meu coração pulsando juntinho com o dele quando o abracei. Foram alguns segundos de uma harmonia preciosa até que o Antônio pulasse nas minhas costas e exigesse minha atenção.



Agora me dei conta que deveria ter recolhido aquela lágrima de amor, porque tenho certeza que ela teria o poder de cicatrizar até as chagas de Cristo. No entanto, se foi, rapidamente passou; aliás, como passa a vida.

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