domingo, 20 de junho de 2010

O José, o João e (ufa!) nenhum sinal de deus

Acabo de assistir um "Roda Viva" de 2003 com o Saramago.
No dia 16 de junho comecei a escrever este blog fazendo uma ref(v)erência expressa a ele e dois dias depois, na sexta, Saramago morre.
Fiquei bastante triste. E como João Pedro estava comigo no momento em que tomei conhecimento da notícia acabei dizendo a ele que estava triste.
"Ele era da nossa família, papai?", perguntou.
Respondi, "como se fosse". E expliquei ao João que existem pessoas -- quase sempre escritores -- que se tornam tão importantes em nossas vidas que os consideramos intima e afetivamente como se fossem tios, irmãos e até pais da gente: José Saramago seria, portanto, seu tio-avô.
Acho que ele entendeu porque ficou ali do meu lado de braço dado me confortando em silêncio.

São inúmeras as passagens textuais e as manifestações de Saramago que marcam minha vida, que pontuam minha própria história. Talvez a mais significativa seja uma resposta que ele deu, não sei quando e não me lembro para quem, sobre o seu ateísmo. Foi algo assim: "não sou completamente ateu, porque (ainda) fico procurando evidências da existência de deus".

Na época reconsiderei minha absoluta e pacífica descrença, pois se até Saramago se permitia a dúvida?, e me lancei à procura de sinais.
Ainda bem que, quando quis, não encontrei. Mas, confesso, que quase enlouqueci só de pensar que o "sinal" pudesse ser uma deficiência congênita no João Pedro. Dificil de lembrar, difícil de falar. Por isso interrompi a "conversa" intra-uterina" (que estou registrando aqui com o subtítulo "memórias de fora para dentro") que mantinha desde o terceiro mês de gravidez...
Mais a frente vou contar como tudo aconteceu.

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