terça-feira, 29 de junho de 2010

Uma das “funções” do irmão mais novo

Sempre foi assim: o Antônio comendo tudo o que oferecíamos sem qualquer enrosco e o João Pedro comendo quase tudo o que oferecíamos com enorme sacrifício.

Foi assim até o início desse ano quando o João, estirando feito bambu, passou a comer que nem gente grande. Em compensação, na mesma época, o Antônio perde a boca boa e começa a refugar diante do prato.

Como conseqüência, todas as advertências que fazíamos ao João passamos a fazer ao Antônio.

Hoje de almoço teve lombo com mandioca frita. O irmão mais velho bateu o prato e foi brincar até que chegasse a hora da escola. O mais novo enrolou o quanto pôde para matar o porco e já no limite perguntou à mãe se ele podia deixar sobrar um pouquinho. Para ajudar, a mãe pegou um pedaço de mandioca do seu prato, mas Tunico ralhou e pegou outro. Ato contínuo disse que estava satisfeito.

Aí entrei na conversa para dizer que em casa não se estraga comida e, portanto, [se ele] colocou comida no prato tem que comer. Ambos reconheceram o “princípio fundamental” tantas vezes enunciado. O Antônio se calou, disfarçou e se pôs a comer. Depois de uns segundinhos, o João refletindo sobre o ocorrido disse ao Antônio: “Nenê, quando eu era pequeno isso também acontecia comigo, mas você logo aprende”.

E então me dei conta que uma das muitas “funções” do irmão mais novo é proporcionar ao mais velho oportunidades de reflexão (de pensar sobre suas próprias ações passadas projetando-se no presente do irmão). O irmão mais velho vai, assim, amadurecendo por contraste.

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