domingo, 19 de junho de 2011

Tempo do abandono desolado de menino

Já contei aqui algumas passagens daquele período, em 2009, no qual (sobre)vivi entre Brasília e Catanduva sem a Mi e os meninos. E pior do que a "separação", foi viver durante meses sem qualquer perspectiva de que pudéssemos novamente passar a semana toda (e não só os fins de semana) juntinhos.

Meu cunhado, que me levava a Rio Preto para pegar o ônibus aos domingos a noite, ainda hoje diz que ficou de coração partido (e compreendeu o nosso drama) quando presenciou os meninos aos prantos, abraçados à perna da Mi na escada do Prédio, pedindo que eu ficasse.

Eles choravam sentidos, profundamente. Mas era eu o menino abandonado e desolado.

Agora, não nos sentimos mais assim. Como diz a música, "ter saudade até que é bom, melhor do que caminhar sozinho". Temos saudades, muita e de doer. Mas temos, principalmente, perspectiva de futuro. Isso é fundamental. Sem a presença constante e rotineira do amor entre pais e filhos fica difícil manter uma família, mas sem futuro, isto é, sem que consigamos ao menos projetar a convivência familiar para "depois" (quem sabe amanhã ou em breve ou no ano que vem...) sequer é possível  pensar em família.

Muito em breve estaremos todos juntos, novamente, vivendo no PlanaltoCentral.

Ainda hoje vou ouvir mais uma vez o Antônio me pedindo pra ficar e, depois, me dizendo que eu não posso viajar sem antes fazer tudo o que combinamos (a lista de brincadeiras e atividades nunca acaba). E quando digo que não dá mais tempo, ele fala que eu o enganei (na segunda, amanhã, é a primeira coisa que me dirá ao telefone). O João, por outro lado, me abraça o tempo todo e de tardezinha se aninha no meu colo feito um gatinho ressabiado. Contudo, ambos sabem -- do alto de seus 4 e 7 anos -- que eu sempre vou voltar, que eu nunca vou deixá-los e que daqui a pouco virei buscá-los para mais uma aventura.

O tempo do abandono desolado de menino é passado. Porque o grande amor é presente e, para nós quatro, é o futuro também.

2 comentários:

  1. Nossa que triste. Mas já passou, né? Acho que ainda não entendi direito porque vc não mora com sua familia. De todo modo fiquei comovida com sua declaração de amor e tb aliviada por saber que em breve todos estarão juntos. Vou fazer figas pra que tudo saia bem. Bj, Bia

    PS: Meu comentário anterior ficou como anônimo não porque.

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  2. A frase "abandono desolado de menino"é especialmente comovente. E que, então, venha o futuro; logo.
    Carina

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