domingo, 3 de outubro de 2010

A individualidade do João Pedro


De vez em quando o João Pedro pega a máquina pra tirar fotos das cenas que ele cria com os playmobis.
Mas essa aí foi tirada por mim, depois de tê-lo ouvido me contar que os dois chefes guerreiros (da frente) eram ele e o Antônio, seu irmão. Quis registrar a parceria entre eles, a amizade dois dois.

Só que o João também se cansa de ser amigo o tempo todo. Porque o Antônio não dá trégua, não larga do pé do irmão e, quase sempre, acaba atrapalhando a brincadeira (na maioria das vezes derruba os hominhos sem querer). E os dois brigam. E, em regra, os repreendemos e então fazemos com que se reconciliem.

Nesse sábado foi diferente. Acordamos tarde como de costume, os dois foram brincar na saleta com o playmobil como de costume e acabaram brigando como de costume, mas ao invés de obrigá-los a fazer às pazes como de costume mandei-os brincar separados em cômodos diferentes da casa. Queria que eles mesmos (sobretudo o João) percebessem que era muito melhor brincarem juntos.

Que nada. Meia hora depois da separação o João Pedro ainda brincava sozinho, empolgado e, aparentemente, com alegria no escritório, enquanto o Antônio já estava envolvido com os afazeres da casa na companhia da mãe.

Intrigado, abri a porta e lhe perguntei se gostaria que eu chamasse o Antônio para participar. Ele disse que não. "Tem certeza?", insiste. "Ãrram", ele respondeu. Não contente, apelei: "Quer que eu brinque com você?". "Não papai, quero ficar sozinho".

Ele não disse "quero brincar", disse "quero ficar" sozinho, o que é muito mais forte.

E assim foi o dia todo. Fomos almoçar na minha irmã e ele ficou sozinho (enquanto o Antônio pintava e bordava com todos nós) assistindo televisão. Na hora de voltar pra casa pediu para ficar mais um pouco na madrinha, mas antes já havia combinado com a avó de ir dormir na casa dela.

Fui buscá-lo às 19h e às 20:30h o levei para casa de minha mãe. Ele foi todo feliz. E eu, por alguns instantes, fiquei um pouco triste por pensar que o Dedé pudesse ter se consado da gente, não só do irmão. Até que me dei conta de que lá se vão os primeiros sete anos de sua vida e que dentro dele já existe um ser humano diferente de "nós".

Fiquei feliz por perceber que longe de nós (do pai, da mãe e do irmão) o João Pedro já não fica mais sozinho. Daqui em diante ele sempre estará com ele mesmo.

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