sábado, 14 de agosto de 2010

Pasta de dente de cocô e xixi de rato-azul

Quando os meninos não obedecem na primeira, dificilmente eu peço uma segunda vez. Porque quando digo: "É a segunda e a última vez que estou pedindo...", eles imediatamente se prontificam a fazer o que devem. Assim, raramente lanço mão deste recurso até para não banalizar minha autoridade (conquistada com caras feias, silêncios eloquentes e casaco de general, mas, vale ressaltar, sem palmadas).

Em regra, depois de pedir uma vez para que eles cumpram um dever, costumo inventar alguma coisa associada à obrigação, que motive seu cumprimento. Por exemplo, esses dias atrás o João e o Antônio almoçaram rápido para continuar brincando com uns playmobis novos que comprei. Ao deixar a mesa, disse a eles que fossem escovar os dentes com a Tata. Nem me deram ouvidos, me ignoraram sem cerimônia.
Achei que não era o caso de apelar, afinal de contas eles não estavam fazendo nada de errado, só estavam querendo brincar. Enquanto me aprontava para levá-los à escola  me ocorreu a seguinte saída: misturo a pasta dos adultos com a pasta das crianças e invento uma proveniência curiosa e valiosa para a mistura. Tem dado tão certo essa estratégia que outro dia o João convidou um amiguinho pra comer carne de boi poderoso em nossa casa (para que eles comessem carne vermelha disse que era de um boi muito poderoso e que tinha perdido uma dura batalha para outro boi igualmente poderoso, e aí contei a hestória da luta entre Caprichoso e Garantido).

Acontece que me atrapalhei e fui chamá-los na sala para escovar o dente com uma pasta feita de cocô e xixi de rato-azul. Pra consertar emendei: "é um rato raríssimo que só existe na Serra da Piedade perto de Belo Horizonte" (eu tinha acabado de chegar de lá).
Os dois largaram os brinquedos e vieram correndo conferir.
Olharam para as escovas sobre a pia e o João logo percebeu que era a mesma pasta de sempre. Mas, para minha surpresa, decidiu entrar na brincadeia fazendo cara de nojo e dizendo "credo". O Antônio fez igual.
Aí perguntei: "João, qual é mesmo a sua escova?".
E não é que ele com argúcia me respondeu na lata: "Papai, as duas são do Nenê".

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