sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Comentando comentário - bati no meu filho...

Aurinha,

            Por mais que eu queira, certamente não vou conseguir dimensionar o que você está sentindo. Mas, acredite, posso compreendê-la. E mesmo sem saber o que exatamente aconteceu — a gravidade do que ele fez —, sinceramente acho que reagiria do mesmo modo.
            Mas é preciso admitir que foi uma reação emocionada, passional, em resposta à violência que ele, de alguma forma, produziu contra você e contra ele mesmo. Me parece que é importante reconhecer um certo descontrole momentâneo (embora você tenha agido com coerência e racionalidade ao cumprir a “ameaça”, ao impor a sanção do tapa) até para que você consiga dar um segundo passo e caminhar em busca de uma solução para o problema, sem ficar se penalizando pelo ocorrido.
            No entanto, admitindo que os pais nem sempre podem oferecer o melhor auxílio aos seus filhos em situações extremamente delicadas (por isso é provável que o melhor médico-cirurgião do mundo não seja a melhor pessoa para operar seu filho vitimado por um acidente), talvez seja a hora de buscar o auxílio de um terceiro, de uma outra pessoa que não esteja diretamente envolvida no conflito.
            Como você sabe, meus filhos ainda são crianças, mas quando nem sonhava em ser pai de meninos tive a oportunidade de agir como um terceiro (um mediador) em conflitos entre pais e adolescentes. No caso mais difícil pelo qual passei, também porque foi o primeiro, tentei ajudar uma mãe e seu filho adolescente a restabelecerem a comunicação já profundamente degradada: primeiro pelas drogas e depois pelas agressões mútuas. Como não havia um pai entre os dois, acho que pude ajudá-los a dar o próximo passo. Procure ajuda, compartilhe a sua dor, seus medos e, eventualmente, sua frustração por ele não ser o que você gostaria que ele fosse (e vice-versa).
            Infelizmente, não há processo de maturação sem algum sofrimento. É claro que por isso não vamos desejar sofrer, mas é preciso acreditar que o conflito é também uma oportunidade de aprimoramento pessoal e que todo esforço de superação nos faz necessariamente mais humanos, mais capazes de refletir sobre as conseqüências de nossos próprios atos.
            Coragem e tenha fé no seu amor.

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