domingo, 21 de novembro de 2010

O parto do Antônio

Primeiro vou deixar que a Mi, com sua poesia, conte como foi o parto do Antônio.
Depois apresento minha versão dos fatos, que não é muito diferente: muda apenas a perspectiva.
Ela escreveu o relato abaixo para a seção "Deu errado, mas deu certo" da revista Pais&Filhos. O texto foi publicado na edição de setembro de 2008.
Ainda hoje me dá frio na barriga só de lembrar...

Aconteceu numa segunda-feira de manhãzinha, onze dias antes da data prevista para a chegada do nosso segundo filho, estava grávida de 38 semanas e naquele dia levaríamos à maternidade o plano de parto natural; mas às quatro e meia da madrugada acordei sentindo as primeiras contrações.
Meu marido, José Eduardo, estava dormindo. Uma hora depois do início do trabalho de parto comecei a sentir fraqueza e muito frio, então resolvi acordá- lo. Pedi que ele colocasse um colchonete no corredor de casa e ali fiquei sentindo as contrações, fazendo as respirações e posições que aprendi com a doula que acompanhou minha gravidez.
O trabalho de parto foi ficando cada vez mais intenso; meu marido ligou para o médico e naquele instante percebi que teria o bebê ali, pois senti a cabeça dele coroando e o líquido da bolsa escorreu de uma só vez. O médico, então ao telefone, disse que estava a caminho de casa.
Após falar com o médico, o Du pediu ajuda ao 192, e ainda teve de convencer o atendente que não estava exagerando, dizia que não era pai de primeira viagem e que o bebê estava mesmo nascendo.
Assim que desligou o telefone, ajoelhou-se para amparar nosso bebê, numa contração passou a cabeça e na contração seguinte escorregou nas mãos do pai. E assim veio à luz o Antônio, às 6 horas e 20 minutos daquela abençoada manhã, no corredor de casa e pelas mãos do meu marido.
Ele enrolou nosso bebê num lençol, o colocou em meus braços pra que eu o mantivesse aquecido e foi, mais uma vez, pedir ajuda.
Nesse momento pude ver o rosto do meu filho, ele estava chorando alto e forte. Olhei fundo nos olhos do Antônio, segurei a mãozinha dele e pedi que ficasse tranqüilo, pois eu sentia que estava tudo bem, nós dois estávamos bem. Sua pele enrugada e seus olhinhos miúdos, ora curiosos, ora desconfiados e incomodados pela suave claridade (que chegava ao corredor do nosso pequeno apartamento), me fizeram derramar algumas lágrimas.
O cordão umbilical permaneceu nos ligando durante todo tempo que estivemos ali imóveis, nos olhando e esperando. Quando o cordão havia parado de pulsar eu e o Antônio já nos conhecíamos profundamente.
Devo ter rezado duzentas Ave-Marias em trinta minutos, o tempo que levou do nascimento à chegada do médico e da ambulância. Imaginamos que um dos dois poderia chegar antes. Chegaram juntos.
Nesse momento o cordão foi finalmente cortado, o Antônio mamou bastante, conheceu seu irmão, João Pedro (que acordou sozinho como se nada tivesse acontecido ali, bem ao lado da porta do seu quarto), e adormeceu.
Avisamos nossa família, arrumamos tudo e fomos para o hospital. Lá, o Antônio pesou 3,1kg, mediu 49cm e tomou seu primeiro banho. Ele era um recém-nascido saudável e de muita sorte. Hoje ele está com 1 ano e 6 meses, é um bebê doce, tranqüilo, bonito e inteligente, que adora brincar e bagunçar com seu irmão.
Foi uma vivência forte, inesquecível e maravilhosa. Guardo uma sensação como se tivesse sido tocada por uma Luz Divina, tamanha a intensidade e sincronia de cada detalhe durante o trabalho de parto e o momento do nascimento, em especial.
Mãe, pai e filho pulsando juntos. Eram três corações batendo como se fossem um. Tinha tudo pra dar errado só que deu muito certo, mais do que havíamos sonhado.

Prova de que deu certo e de que continua dando: Antônio e João Pedro.

Um comentário:

  1. Já tinha lido o texto, relido, ouvido da Miroca, de você, mas não teve como não lê-lo novamente é demais.
    Eu ainda custo a acreditar que isso aconteceu.
    Não posso nem imaginar passar por isso, com certeza teria sozinha, pois o Marcelo hahaha,... duvido que ficaria em pé, sentado... somente na horizontal, hahaha.
    Bjs "pros" quatro.

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