sexta-feira, 1 de março de 2013

Homem que é homem não chora?




Não sei se a frase “homem que éhomem não chora” ainda hoje vigora como regra fundamental na educação demeninos.
Sei que, quando era criança,ouvia e repetia essa oração à exaustão. Talvez por isso, tenha chorado muitopouco ao longo da vida. Certamente muito menos do que precisava.

Mas a minha falta de lágrimas (minhasecura, talvez) não é nem de longe a pior conseqüência da imposição dessaregra. Desconfio que o efeito mais nefasto seja mesmo o machismo e todahistória de discriminações e violências que essa crença estúpida na superioridade masculina tem acarretado.

Por outro lado, consigoidentificar e admitir a existência de uma norma de imenso valor à educação decrianças por detrás da regra “homem não chora”. Evidentemente, estou separando,ou melhor, distinguido a norma, que é um padrão de conduta social, do texto oudo enunciado pelo qual tentamos, em determinado tempo e lugar, descrevê-la (aexplicação para a diferença é demasiadamente complexa para este espaço, porém,cabe dizer que os textos normativos – as leis, por exemplo – produzidos numadeterminada época necessitam ser interpretados para que possam continuar a valer,isto é, serem reconhecidos como padrões sociais razoáveis, anos depois de teremsido editados).

A norma é: uma pessoa não devechorar à toa, mesmo se tratando duma criança.
Isso sim, creio que vale a penaensinar a meninos e meninas. Tanto ao João quanto ao Antônio já pude dizer que “homemchora, mas não por qualquer bobagem”. Uma coisa é se emocionar por algo que nostoca, seja na alegria ou na tristeza, no prazer ou na dor. Outra coisa é viverchorando por incapacidade de expressar sentimentos com ações, gestos e,sobretudo, com palavras.

Os dois, cada um a seu modo,nunca foram de dar birras e de chorar para tentar obter o que desejavam. Eleschoram quando sofrem, de verdade.
O João chora mais, porque ele étodo sentimento, um menino de alma e olhos claros.

Outro dia, deitado na cama entreos meninos, comecei a cantar aquela música do Vinicius e do Toquinho “menininhado meu coração, fique pequenininha na minha canção...” e o João Pedro chorou desoluçar porque, segundo ele, “a música era muito linda e triste”.

Esse é o nosso Dedé.
Desde pequenininho(neste video ele tinha apenas dois anos e meio) o João já dava sinais de que mais vasto do que o mundo era o seu coração. Quem sabenão teria sido melhor chamá-lo Raimundo?



Um comentário:

  1. Mais é um artistaaaa... eu acreditei que ele estava chorando!!!!!!! rsrsrsrs

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