quarta-feira, 7 de julho de 2010

Aprender a tocar violão e ensinar a dedilhar o português

O João Pedro, já posso dizer, possui domínio completo da língua portuguesa. Não estou exagerando. Ele já concorda palavras e tempos verbais com desenvoltura e, até, com alguma sofisticação para sua idade (6). Entende as regularidades da lingua e algumas irregularidades. Pena que não me recordo agora de nenhuma frase exemplar que ilustre esse domínio, vou começar a fazer uns apontamentos daqui em diante. Mas hoje, enquanto brincávamos com seus hominhos, ele mandou um "papai, [algo] não coube ali" que fiquei satisfeito, orgulhoso e, finalmente, decidido em deixá-lo aprender violão com um professor jovem, que na aula de apresentação não conseguiu fazer o plural de "escala musical".
Já me acostumei com o "tipo assim" e outros penduricalhos que enfeiam a prosa da moçada, nem me sinto mais ofendido quando ouço. Mas me incomoda muito quando as pessoas comem os "ésses". Tão simples, uma letrinha só na maioria dos casos.
Talvez seja um pouco de implicância minha e, quem sabe, expressão de um certo trauma. É que quando tinha uns 15 anos fiz o discurso de formatura do 1º Grau; ao fim fui efusivamente cumprimentado pelos meus familiares, mas meu tio-avô me disse: "teria ficado muito melhor se você tivesse dito corretamente o plural de todas as palavras de seu texto". Faz mais de 20 anos e me recordo com precisão da advertência.

Meu Tio Miguel ficaria bem impressionado (e creio que feliz) com o português do João.

Pois é, acho que amanhã vou dizer a ele que um aluno também pode (e deve) ensinar o professor, vou contar alguma história em que realmente fui ensinado por um de meus alunos e, por fim, vou sugerir a ele que ensine o professor a desenhar caveiras assustadoras (nós achamos a caveira que acompanha o nome da banda do professor muito simpática para uma caveira de verdade) e dizer o plural das palavras.

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