segunda-feira, 12 de julho de 2010

Feriado mineiro de 9 de julho

Costumo contar para os meninos o porquê de cada feriado. Principalmente os feriados pátrios e os religiosos (na verdade, apenas alguns religiosos). Mais do que oferecer um sentido grandioso para um dia sem aula (sem babá, mas com pai e mãe em casa), tento vinculá-los à História do Brasil e ao processo civilizatório de superação das desigualdades e das injustiças que esta história (com "H") representa, ou melhor, que conscientemente faço com que represente (ok, estou assumindo os riscos).

Na maioria das vezes, tento criar um relato a partir de uma perspectiva mais próxima a deles, de uma criança. Por exemplo, no feriado de Páscoa contei que nessa data a gente comemorava a coragem de um menino que, depois de ver seus pais sofrerem e seu irmão mais velho morrer, resolve se juntar a outras pessoas numa grande viagem em busca de uma terra melhor pra viver. Falo dos Hebreus, do Faraó e do Anjo de Deus que aniquilou os primogênitos, mas sempre sublinhando a bravura do menino que foi capaz de deixar seus brinquedos e sua casa. Eles gostaram, embora o João Pedro tenha ficado particularmente impressionado com o anjo enviado para exterminar os filhos mais velhos: "Por que Deus mandou matar as crianças?", questionou.

Todavia, com esse feriado de 9 de julho, na sexta, foi diferente. Não me senti muito motivado a criar estória alguma. Principalmente por achar que a memória da Revolução de 1932 tem sido evocada para justificar o que há de pior nos paulistas: nossa arrogância segregacionista, nosso sentimento de superioridade em relação ao "resto" do país.

Certamente há valores diluídos nesse episódio histórico que poderiam muito bem compor uma bela estória em reforço à nossa condição de brasileiros. Mas como não os encontrei há tempo, por segurança, fomos todos passar o feriadão (e dar início às férias familiares de julho) em Minas Gerais, onde o Brasil encontra sua síntese mais perfeita.

Foto da "fronteira" de São Paulo com o Brasil das Minas Gerais


Foto da Igreja de Ns. Senhora do Rosário de 1852 da vila de Dores do Aterrado (atual Ibiraci/MG)

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