domingo, 18 de julho de 2010

O lado bom das coisas aparece sempre no final

Para encerrar minhas férias (embora as escolares continuem), eu e os meninos decidimos ampliar o galinheiro da chácara do vovô e dobrar nosso bando: compramos mais duas franguinhas e juntamos com o galo e a galinha que já estão lá.
Os meninos se empolgaram muito com a criação depois que a galinha começou a botar todos os dias. E agora o Chaves, o galo caipira de estimação do João, é apenas uma bela lembrança (conto noutra ocasião como ele foi comido pelo Nero, o cachorro, e como lidamos com a perda violenta).
Eles me ajudaram a esticar a tela, selecionar as ripas, rastelar o terreno e a aterrar uma casinha para os pintos recém-nascidos, que logo virão. Depois a brincadeira foi ficando séria demais e eles foram para a beira do laguinho fazer coisa de criança.
Com o bambu de apanhar abacate o João Pedro começou a bater na superfície d'água para molhar o Antônio. Molhou muito e o Antônio fez cara de choro. Rapidamente, tentando evitar minha intervenção, o João passou a vara para as mãos do irmão e o estimluou a fazer o mesmo. O Antônio topou e começou a golpear a água. De longe pedi que parassem (porque estava frio, não tínhamos outras roupas secas e queria acabar o trabalho).
Não deu tempo: Antônio se desequilibrou e caiu, pela segunda vez, dentro do lago. Caiu e saiu num segundo, porque o laguinho é raso e o João o ajudou. 
Assustado o Antônio me chamou choroso. O João, sentindo-se responsável e acho que um pouco ameaçado com minha aproximação, tomou a iniciativa de tirar sua camiseta para enxugar o irmão e tentando confortá-lo disse: "Neném, a vida é assim mesmo: as vezes a gente cai".
Fiquei encantado com o conjunto da cena. Claro que a frase não é dele: provavelmente reproduziu algo semelhante que [me] ouviu dizer. Mas os gestos que ele produziu foram de uma autenticidade muito peculiar. "Esse é o João", pensei satisfeito.
Em silêncio os levei para o banheiro e lá os repreendi dizendo que na chácara ou na fazenda do tio Betão só peço para eles pararem de fazer alguma coisa quando existe um perigo, um perigo de verdade. Por isso, é preciso obedecer na hora.
Ficamos os três em silêncio esperando os pensamentos assentarem.
Ainda calados peguei o Antônio no colo e fui para o carro. O João veio logo atrás.
Atei o cinto do Antônio e quando fui ajustar o do João entendi que ele evitava meus olhos.
Levantei seu rosto e lhe disse que estava orgulhoso porque ele havia ajudado seu irmão.
Chegando em casa o Antônio foi correndo contar à mãe que tinha caído de novo no lago. "E sabe o que o João Pedro fez?", apartei. Por um instante tenho certeza que o João pensou que eu repetiria a advertência. Mas eu disse: "Ajudou o irmão a sair da água, a tirar a roupa encharcada e, ainda, usou sua própria camiseta para secá-lo".
A mãe comemorou e ele até ficou encabulado.

Um comentário:

  1. nossa du, não acredito que o antonio caiu de novo no laguinho!!!meu deus...que graça o joão pedro!!!qdo eles dormem os anjinhos falam...UFA!!!agora só amanhã!hahhahahhaha
    bjs

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