domingo, 19 de setembro de 2010

Intra-uterinas (memórias de fora pra dentro da barriga)

Nesta semana que passou não fiquei de todo ausente. Só não escrevi para você. Porque, ao sentir-me mais tranqüilo em relação ao trabalho (é o nosso papo de amanhã; prometo!) e mais feliz, pude ficar ao lado de sua mãe e bem juntinho de você.

Por várias vezes passei a mão na barriga de sua mãe que, diga-se de passagem, já está bem saliente. Afinal você já está com 12 semanas de vida e segundo o “guia do bebê” possui mais ou menos 9,5 cm de comprimento e aproximadamente 14g. Já começou a ossificação, a surgir pêlos e a definir anatomicamente os órgãos sexuais... Tchan, tchan, tchan, tchan...

E tem mais: neste período de sua vida seus músculos funcionam, os rins produzem urina e seu rosto começa a se parecer mais com o rosto humano.

Isto é, você está ficando bonito. Como diria sua avó Célia: — está virando gente com “J” maiúsculo.

Digo “está ficando” porque, na qualidade de seu pai, tenho a obrigação de lhe dizer que na última ecografia, embora tenhamos ficado extasiados com sua imagem, você mais parecia um “marciano” (não que exista vida em Marte, que é um planeta do sistema solar; nós terráqueos é que criamos uma representação do marciano semelhante a um feto). Sua mãe já te acha maravilhoso, mas você um dia entenderá que na relação entre mães e filhos não há espaço para o senso crítico. Sobra então ao pai carregá-lo, ao menos de vez em quando.

Como hoje só passei para dizer “olá”, vou encerrando por aqui, até porque tenho ainda que “trabalhar” no nascimento de uma tal dissertação que também amanhã — é a segunda promessa — lhe explicarei. Boa noite, meu filho.

Escrito em 10 de junho de 2003

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